10 de julho de 2003

Sobre um filme cinza num dia cinza



Em homenagem a um amigo do qual há pouco recebi notícias e encontra-se em algum lugar de Londres, parece que hoje o clima de Santos resolveu reproduzir uma atmosfera semelhante às úmidas esquinas da British Capital. Nisso não há nada de mais. Dias úmidos e nublados são coisas corriqueiras por aqui.

E para complementar o estado cinza do dia, ainda me sobraram reminiscências do filme Cinzas da Guerra que assisti ontem à noite. O filme trata de um levante ocorrido nos crematórios do maior campo de concentração nazista durante a 2ª guerra. É uma guerra dentro da guerra.

Não é um filme que alguém assistiria por "entretenimento". Definitivamente, tal palavra não se aplica. É um bom filme, por causar revolta, e fazer pensar naquela espécie de alienação entorpecente que tanto inflamava autores como Sartre e Camus em seus discursos sobre a liberdade.

Liberdade, substantivo que nos foi divinamente outorgado e tão humanamente mal empregado (embora aqueles que rechaçam a idéia de Deus muitas vezes o façam justamente por acreditar que a existência deste tolheria a liberdade humana). Enfim, cada um tem os motivos pelo qual crê ou não crê, um não pode provar ao outro a existência ou a não-existência de algo exterior e superior ao mundo material.

Em "Cinzas da Guerra" é apresentado um mundo hermético, onde todas as escolhas já foram feitas, só resta escolher a melhor forma de morrer. Porém não impede que a esperança dos mortos seja depositada nos que permancerão vivos.

A liberdade talvez seja o mais teimoso dos desejos.

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