31 de outubro de 2003

De volta ao divã: outra tarde no consultório do doutor Probs

- Menina! Há quanto tempo você não aparecia... Por acaso pensas que análise é que nem limpeza de pele? Faz quando dá vontade? Tem que haver uma certa freqüência...
- Poxa, doutor Probs. Nem tenho mais coragem de usar a minha justificativa. Mas é que a faculdade... esse semestre estou com a corda no pescoço. Ou algo muito próximo disso. Aí não tive muito tempo...
- Sei. Diga, como tens passado?
- Muito bem até. Apesar dos compromissos, não tenho estado tão ansiosa quanto era esperado. Mas hoje vim aqui pra perguntar uma coisa.
- Sim?
- Por que, raios, perco meu tempo exíguo conversando com um psicanalista que não existe ao invés de me ocupar com as tarefas "reais" que demandam urgência?
- Veja bem, é o seu sistema de escape operando. Você tende a subjugar suas obrigações prementes em favor de atividades que te proporcionem algum prazer maior. Neste caso, é escrever por hobby. Freud diria tratar-se de uma certa fixação infantil, rementendo ao período em que, quando criança, não costumávamos protelar o prazer, mas sim buscar a satisfação do id, o princípio do prazer, tão estantaneamente quanto possível. Maturidade seria quando aprendemos a adiar o prazer, programando nossas responsabilidades a fim de que, no tempo devido, alcancemos um prazer maior resultado de um planejamento. No seu caso, o prazer de ver todos os trabalhos prontos, entregues e com uma boa avaliação. Porém, você, neste momento, tem preferido atender o desejo imediato do seu id, invés de programar sua satisfação.
- Hmmm... Acho que seria melhor não ter perguntado. Além de esquizofrênica, agora sinto-me uma verdadeira criança grande. Obrigada pela consulta.
- Volte mais vezes.
- Ahã.

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