22 de janeiro de 2004

Contos não começados e inacabados - parte 1

Quando filnalmente consegui escapar daquele armazém, percebi que havia deixado cair as chaves do carro do meu bolso. Agora o chaveiro de couro preto, um presente antigo, estava lá, estatelado em algum canto úmido daquele enorme espaço escuro e eu não me meteria a retornar lá dentro para buscá-lo. Que ficasse e oxidasse por lá eternamente. Voltaria a pé pra casa, contornando os prédios e galpões soturnos e abandonados daquela periferia da cidade. Uma névoa branca cobria a vista longínqua dos edifícios dos bairros centrais. As únicas formas disponíveis à vista naquele fim de tarde eram as construções decadentes que ladeavam as ruas pelas quais eu atravessava rapidamente, fugindo do perigo que considerava estar atrás de mim, enquanto, na verdade, já era tarde. As imagens e sensações passadas já haviam se transformado em sinestesias desconcertantes impregnadas para sempre na memória.

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