5 de março de 2006

Excesso de referências



Acho bem bacana o jeito que a nossa espécie consegue associar lembranças remotas à objetos físicos. Uma foto, um diário, um cartão de aniversário, um dado de brinquedo: tão rápido como a luz reflete nos objetos e é captada pela retina dos olhos, as memórias latentes projetam-se na retina da mente.

Para mim, o grande incoveniente desses links tridimensionais para o passado não é a tristeza nem a nostalgia, mas o espaço que eles ocupam no presente. Tanto que semana passada resolvi dar uma "limpa" numa parte até então muito obscura do meu guarda-roupa.

Ah, não tive muita piedade, admito. Agendas velhas, enciclopédias, fitas cassete... seguiram para seus novos destinos (lixo reciclável ou sebo - tudo se aproveita ou se transforma).

Pode ser que seja mais um pedaço da minha história que se foi. Mas, de todo modo, já tinha se ido há tempos. Só não tenho mais os acessos táteis e visuais. Em compensação, tenho mais espaço no armário. Para histórias futuras. Fadadas a virarem passado, como sempre.

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