"O amor é o espaço e o tempo tornados sensíveis ao coração." Proust
Já faz um bom tempo que quase todos os meus espaços ficaram impregnados de ti. Casas de café onde aconteciam os encontros, uma esquina onde nos despedíamos com um beijo, um graffiti que capturamos com a câmera do celular, uma vitrine que sempre nos provocava uma risada. Se parar pra pensar, não foi tanto tempo no calendário. Mas foi tanto tempo gravado na parede do coração.
E agora, há tão pouco tempo distantes, me pego em momentos de surpresa ao perceber a velocidade em que os espaços são reconfigurados. Às vezes fico triste em pensar que alguns locais, daqui a pouco, não mais acessarão a figura do seu rosto na minha memória. E que, em pouco dias, nossas trocas de mensagens serão soterradas por outras novas que chegam todos os dias. Seu último e-mail não aparecerá mais na minha caixa de entrada. O som do seu nome um dia não mais provocará um fio gelado na espinha.
A distância nos torna insensíveis? Talvez. Mas talvez seja melhor assim. Para cicatrizar o coração. Para desocupar os espaços. Para estarmos prontos para outros tempos.
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