1 de novembro de 2010

Faixa branca



Não sei quanto a você, mas a cada dia que finda eu percebo que tem muita coisa que ninguém me ensinou. Muita coisa que passou e muita coisa que acena por aí que ninguém comentou de nada, não me deram nenhuma prévia, nenhum guiazinha pra principiantes, nenhuma pista, nenhum aviso.

Daqui a pouco já chegarei no degrau nº 29, quase terminando uma volta inteirinha de Saturno e ainda continuarei sendo uma igorante de tantas coisas! Aliás, da volta de Saturno não posso reclamar: disso me avisaram. Avisaram que coisas estranhas acontecem na sua vida quando a volta de Saturno está terminando. De fato, coincidência ou não, coisas inéditas se sucederam. Mas, também, não posso dizer que a cada novo ano de vida não se sucedem coisas inéditas, né? Melhor assim. Oscar Wilde dizia, daquele jeito peculiar dele, que pro único pecado pro qual não há perdão é o tédio. Licenças poéticas à parte, que venham coisas inéditas então!

Mas, ainda sobre a ignorância, hoje fiquei menos ignorante em uma coisa. Descobri que o significado de karate-dô, da arte marcial japonesa, é "caminho da mão vazia". E que no karate há muitos níveis de graduação, identificados pela cor das faixas do kimono, sendo a faixa branca a representante do nível mais principiante.

Talvez isso sintetize bem a percepção que tenho agora: cada novo dia tenho de enfrentá-lo com as mãos vazias, virando-me o melhor que consigo no meu kimono amarrado com uma faixinha branca. Tenho medo, muitas vezes. Mas também tenho o assombro de descobrir uma vida de possibilidades a cada dia. E, o melhor de tudo, tenho o melhor dos Mestres.

Ensina-nos a contar os nossos dias, para que o nosso coração alcance sabedoria. Livro dos Salmos 90.12

3 comentários:

tati travisani disse...

lindo mari, como sempre...

Túlio disse...

belo texto, inspirador!

Thadeu disse...

E cada dia que passa, com as mãos ainda mais vazias...