28 de janeiro de 2003

Fazer coisas semelhantes a estas e ainda ser pago por isso

Penso que a vida de escritor deve ser uma vida boa. Não que o sujeito seja apenas um bon vivant que escreva quando a luz divina da inspiração baixa sobre ele e, nos entremeios dos lampejos de criatividade, passe as horas tomando água de côco. Eu sei que não é isso, escrever é laborioso. Até de uma certa angústia. É um trabalho contínuo, sem feriados nem finais de semana. Trabalha-se até mesmo estando longe de qualquer lepitope ou bloco de anotações.

Mas penso no João Ubaldo. Ultimamente tem estado na ilha de Itaparica de onde tem mandado suas crônicas que especulam desde economia a conversas de botequim. O Lúcio Ribeiro. O trabalho dele é ouvir música e determinar se elas são um lixo ou não. Ai de vós, reles leigos, se discordardes dele! O Daniel Piza. Só não ganha em número de livros lidos anualmente do falecido Paulo Francis. Mas no caderno de Cultura o cara dá suas valiosas opiniões sobre tudo e mais um pouco, mas ainda assim, numa coluna que se constitui um blog impresso em offset das opiniões dele.

Resumindo: muitas pessoas são pagas para emitirem suas opiniões. Mas há um grande abismo numérico entre os que sustentam o que falam e os que falam por falar. Por isso que o número de blogs é incomensuravelmente maior do que o número de colunistas contratados. O que não significa literalmente que todo "blogueiro" é besta e todo colunista é genial. Vocês entenderam. Espero.
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PS nada a ver: o sistema de comentários que uso anda meio problemático. Acontece das pessoas deixarem comentários mas não mostrar o número na frase "tantas pessoas acharam que..." Vamos ver se essa semana volta a entrar nos eixos, se não vou trocar de sistema.

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