28 de fevereiro de 2003

Uma boa invenção

Pode ser que eu seja simplória, uma deslumbrada tonta, mas sempre me espanto com esse bolinho de água e farinha cinzenta orgânica que temos dentro da cabeça.

Quando observo e ouço pessoas inteligentes, em especial as pessoas inteligentes mais maduras e com boa memória, sempre me vem ao pensamento: "como é que tanta coisa é contida num espaço físico tão pequeno?" Aí você pode dizer que nem é grande coisa assim, que hoje a nanotecnologia faz igual ou até melhor. Mas pense bem (ei, lembra daquele joguinho? Bem, voltemos ao assunto...) o que a nanotecnologia consegue fazer hoje, a massa disforme alocada no interior das nossas cacholas já fazia há milhares de anos.

Sobre a memória, ouvi dizer que a capacidade mnemônica de alguém tem valor inverso ao da capacidade criadora. Por exemplo, se um sujeito lembra de todos os verbetes da enciclopédia Britânica e os números das placas dos carros de todas as pessoas que conhece, seu desempenho criativo é, muito provavelmente, pobre. É preciso, então, ter o menos possível de informações na cabeça para criar. Paremos com esse negócio de pesquisa, livros, informações, porque senão, credo, transformarão-nos em designers, artistas medíocres. Faz sentido? Não, nenhum. Porém, descobrimos um paradoxo.

O linguista Noam Chomsky declarou certa vez que nossa ignorância pode ser dividida em problemas e mistérios. Quando estamos diante de um problema, podemos não saber a solução, mas temos insights, acumulamos um conhecimento crescente sobre ele e temos uma vaga idéia do que buscamos. Porém, quando defrontamos um mistério, ficamos entre maravilhados e perplexos, sem ao menos uma idéia de como seria a explicação. [Steven Pinker, do seu livro Como a Mente Funciona]

Nenhum comentário: