25 de janeiro de 2005

Quando éramos criativos



Por esses dias li um texto do LZ, onde o amigo se interrogava sobre o atual estado da sua criatividade em relação ao tempo em que ainda não havia sido contaminado pelos ares da Academia.

Certeiro foi meu sentimento de identificação com as idéias de LZ. E lembrei que muitas vezes esse assunto já havia sido debatido entre a turma da faculdade. Até uma professora de psicologia levantou a questão em sala. Como meu curso era direcionado às artes, a professora fez a pergunta singela: "quantos aqui acham que estão criando menos, desenhando menos, depois que entraram na faculdade?". De 30 alunos, lembro que no mínimo uns 20 levantaram a mão em resposta. Eu inclusive.

Acredito que existem diversas razões para o contraditório fenômeno. Das que eu talvez consiga esboçar uma explicação inteligível, são duas.

Primeiro: a elevação da crítica, é óbvio, tanto por causadores externos (professores, colegas, autores) como internos (nossa boa amiga auto-crítica -- boa quando sabe o tempo de conter e o tempo de deixar fluir).

Segundo: uma notável submissão da práxis diante da teoria. Quando se pisa em solo acadêmico, começa-se um processo de absorção e incubação do conhecimento já produzido nas áreas afins em que estamos nos especializando: lemos mais, observamos mais, nos apropriamos mais do que já pensado e feito foi por outros, antes de começarmos a externar nossas produções criativas. O que leva ao aumento da crítica, nos levando de volta ao primeiro motivo descrito acima.

Ao menos esses foram alguns dos motivos que identifiquei no meu processo de "pane criativo acadêmico".

Lançamos luz sobre o problema? Ou só serviu pra ofuscar as idéias?

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