23 de janeiro de 2005

Rotina de domingo

Depois da torta doce e do cafezinho, é hora colocar os pés no sofá e ler o jornal de domingo. Nada melhor que informação (leia-se mesmo informação e não notícia) como digestivo.

Destaque para o artigo de Eric Hobsbawm, autor da trilogia A Era das Revoluções: Europa 1789 - 1848; A Era dos Impérios: 1875-1914 e A Era dos Extremos: o Breve Século XX: 1914 - 1991. No artigo intitulado Em defesa da História, orginalmente escrito para o The Guardian, publicado no caderno de Cultura do Estadão, Hobsbawm debruça-se sobre a postura do pensamento marxista em relação ao fluir da História. Abre o artigo relembrando a setença de Marx: "Os filósofos até agora apenas interpretaram o mundo: trata-se, agora, de transformá-lo".

Hobsbawm questiona os usos que têm-se feito da historiografia, afirmando já ser a hora de "reestabelecer a coalizão daqueles que acreditam na história como uma investigação racional do curso das transformações humanas, contra aqueles que distorcem a história para fins políticos -- e, mais em geral, contra relativistas e pós-modernistas que negam sua possibilidade".

A defesa de Hobsbawm dirige-se contra todas as tentativas de se esvaziar o conteúdo de uma historiografia coerente -- aquela que leva em conta o sujeito que apreende a História, sem cair no niilismo de um subjetivismo intransponível. O importante, salienta o autor, tomando a abordagem marxista como meio de reconstrução da racionalidade historiográfica, é perceber o estudo da História como ferramenta para a compreensão do mundo e seus novos desdobramentos para manter, assim, acesa a possibilidade de incremento dos ambientes sociais humanos.

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