25 de setembro de 2006

A poética do caos ou a beleza da norma?

Uma experiência sortida, tipo doce de gelatina mil-cores, foi ver as mostras Grupo Fluxus e Pincelada: pintura e método neste último sábado no Instituto Tomie Ohtake.

Uma tarde foi pouco e pena que as mostras já acabaram. No piso térreo, as colagens, fotografias, objetos, gravações, vídeos e experimentações contestadoras do grupo nascido na Alemanha e atuante nas décadas de 1970-90. Cutucar a sociedade burguesa era a ordem do dia.


Endre Tót "Hopes In The Nothing" - 1980


No andar superior, espalhavam-se obras de dezenas de artistas plásticos diferentes, tendo em comum sua brasilidade, a localização temporal de produção das obras - década de 1950 - e a inovação nos processos de representação pictórica - presença quase unânime do abstracionismo, a investigação da cor-forma e do espaço-ritmo. Estavam lá os concretos e neo-concretos também (deu saudades da época do meu projeto de conclusão de curso da faculdade).


Milton Dacosta "Em vermelho" - 195?


Num piso, a pintura como meio-método-mensagem. Noutro piso, a pintura como fragmento-pedaço-recurso opcional. O exato concretista e o acaso anti-arte. Predominância do ritmo contraposta à predominância do ruído. Pesquisa formal diante do experimento da des-forma. Método contido e Fluxus desordeiro.

E é tudo arte. Quem hoje diria que não?

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