16 de março de 2009

Estranha, demasiadamente estranha


La Reprodution Interdite de René Magritte, 1937

"A loucura faz um sarcasmo do saber"*

Por mais que as manhãs ensolaradas e os picolés de limão queiram me convencer de que a vida é leve, sempre esbarro em algo esquisito e escuro que volta e meia dá as caras. A vida não é leve, mas nem tampouco feita toda de chumbo. Só tenho que reconhecer de que estamos cercados de coisas estranhas. E de coisas fantásticas também.

Uma das coisas mais frágeis e que pode tornar, de repente ou progressivamente, a vida de qualquer um numa sucessão de eventos bizarros, definitivamente está mais entranhado em nós do que gostaríamos de admitir: esse algo que chamam de mente. Nem me arrisco a definir o que é, extamente, a "mente", já que até a neurociência muda de idéia sobre ela a cada novo artigo publicado.

Mas que a mente pode causar estragos, isso é. Uma desregulagenzinha de nada, uma sinapse que não funciona mais ou que passa a funcionar demais, pronto. Endoida, invalida, alucina, mortifica, estrebucha.

Fico assustada com a loucura. Só me joga na cara a nossa fragilidade. Expõe o fio de seda que segura a lucidez à nossa vida. Assusto com a minha incapacidade de ajudar e de, nem com muito esforço, conseguir compreender.

Gostaria de que a vida fosse toda leve, de doce de algodão. Mas o desatino surge tão perto, toma forma de um rosto conhecido, e eu não sei como lidar. A loucura existe. E as manhãs de sol também. A vida é estranha. Por isso é fantástica.

4 comentários:

3ernardo Tavares disse...

Muito bom Mari!

A vida eh estranha e intensa no meu caso!

Mas um minuto pra ler e prestigiar uma amiga talentosa, não custa nada.

Muito legal a forma como vc coloca suas idéias pra fora.

Parabéns.

Beijão do 3e

tati travisani disse...

sempre achei que deixar a loucura "a solta" era mais fácil do que conseguir centrar-se e levar a vida com o mínimo de paciência e sabedoria. somos todos loucos em potencial, não é mesmo?

Nadiella Monteiro disse...

de perto ninguém é normal.

e talvez na lua a vida seja leve...

Anônimo disse...

Atualmente é mais fácil ser simplesmente louco do que ser racional. Vejo isso a todo instante. Por mais dolorido que seja esconder nossas frustrações nos atos de insanidades, tem sido mais simples do que dar margem às perguntas dos psicólogos de plantão. Reparou? Os "porralocas" estão sempre de bem com a vida, são populares, são boas companhias. Os racionais, preocupados com o fato de beber e dirigir, com as possíveis consequências de suas palavras na vida dos outros são, invariavelmente, tratados como chatos, ou, no mínimo, boas companhias apenas para programas como visitas a museus.