25 de outubro de 2009

Era uma vez uma etiqueta



Passei muitos anos da minha infância e adolescência com uma certa raiva dessa etiquetinha vermelha aí em cima. Era a etiqueta com o meu número de paciente, que eu tinha de grudar na roupa toda vez que ia ao Hospital da USP, em Bauru - e não foram poucas visitas.

Ir ao Centrinho era pra mim sinônimo de uma viagem longa pela madrugada, ter de dormir fora da minha cama e, o pior de tudo, passar por um monte de médicos e sentar em diversas cadeiras de dentistas, periodontistas, ortodontistas, ortognáticos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas ou qualquer outra especialidade médica que tivesse horário para me encaixar no dia.

Só tive alta mesmo do hospital faz uns 5 anos. E há poucos meses meus pais encontraram em alguma pasta daqui de casa um exemplar da velha etiquetinha vermelha. Chorei quando vi o email com a etiqueta escaneada. Mas não foi choro de raiva ou más lembranças. Mas foi o choro da gratidão.

Lembrar que muito do que sou e muito do que sou capaz de realizar hoje, tarefinhas bem simples do dia-a-dia, devo essas coisas à tantas pessoas. Tantos profissionais que aguentaram meu mau-humor infantil, tanta gente que fez do seu trabalho uma grande diferença em mim e em tantas outras crianças.

E a etiqueta vermelha, na época eu não compreendia, sinalizava um processo que ainda estava em andamento. E hoje, mesmo não sendo mais paciente da USP, reconheço que ela continua grudada em mim. Só que agora eu não sinto mais nenhuma raiva, mas alegria.

6 comentários:

3ernardo Tavares disse...

Bonito ver vc colocando o coração na ponta do dedo e apertando estas teclas com maestria.

Em poucas linhas descreveu uma his´tória que com certeza caberia num livro.

BJÃO MARI, BOA SEMANA!

Thadeu disse...

É bela tua reação e só tem a mostrar que a cada dia sua vida tem sido não de sobrevivente deste mundo mas de vencedora!!! Beijão menina!!!

andrea mello disse...

tão lindo tudo isso.
e é tão bonito saber que as pessoas podem entrar na vida das outras para tornar tudo melhor <3

Sabrina Machado disse...

Mari minha querida amiga!
Esses desafios com certeza contribuiram para que você se tornasse uma das melhores e mais maravilhosa pessoa que já conheci!
Fiquei emocionada com seu texto.
bjoooo

Julita Mara disse...

Mari, que texto lindo!!!
Emocionei-me ao ler!!!
Em tudo devemos dar "graças"... algo ruim... passou a ser benéfico para vc!!!
Bom seria mandar para este hospital este e-mail, creio que eles iriam ficar felizes e ver o quanto o trabalho deles vale a pena!!!

Julita Mara disse...

Mari, que texto lindo!!!
Emocionei-me ao ler!!!
Em tudo devemos dar "graças"... algo ruim... passou a ser benéfico para vc!!!
Bom seria mandar para este hospital este e-mail, creio que eles iriam ficar felizes e ver o quanto o trabalho deles vale a pena!!!