hora do chá

Quando chega a hora de ser sincero



Uma das coisas que me dão alegria ao acordar todos os dias, é lembrar da minha ignorância. Sim, ainda há tanta coisa a aprender, tantas coisas inimagináveis circulando por aí, tantas histórias impressionantes para ouvir, que não é possível não querer levantar da cama e ver "qualé" a desse mundo de Deus.

Como eu duvido que um dia eu vá alcançar um respeitoso nível da suprema sabedoria humana e chegar ao ponto de espantar-me com pouco ou quase nada no mundo, acho que tenho combustível que dê para continuar acordando todos os dias até chegar o dia que serei gentilmente (ou não!) convidada a descer do busão dessa coisa toda chamada vida.

Enfim, o preâmbulo era para dizer que descobri, semana passada, uma prática curiosa dos diplomatas britânicos. O valedictory despatch era o último despacho redigido pelo diplomata que estivesse deixando o seu posto, onde, sem mais delongas ou salamaleques, o embaixador poderia expressar sua opinião sincera sobre o país que estava prestes a deixar. Era uma carta de despedida onde se descascava o abacaxi.

Se a gente começasse a praticar pequenos valedictory despatches em diversas situações da vida, talvez o sono se tornasse mais leve e a incidência de câncer menor. Se os protocolos fossem rompidos com mais frequencia e a espontaneidade vivida com mais constância, a vida seria mais simples, não?

Eu descobri que emitir alguns valedictory despatches tem me ajudado. Sim, fico mais exposta, mas sempre tenho a chance de sair mais leve. O figurino exigido pela diplomacia cotidiana, às vezes sufoca... a little too much.


*Para ler mais sobre os valedictory despatches, um ótimo artigo da Revista Piauí.