A vida não tem copyright
A cada calendário novo que eu ganho e a cada folhinha arrancada, um sentimento constante vem se confirmando: a vida parece muitas vezes com um jogo de carimbos. A maioria de nós ganhou uma caixa contendo carimbos mais ou menos similares e algumas cores várias de tintas. Aí a gente vai tentando fazer as combinações que pareçam mais agradáveis, mais bonitas do que a do coleguinha do lado, ou alguns vão tentando dar uma copiada no layout do vizinho. Tem os que arriscam composições mais ousadas, neo-barrocas ou minimalistas, de acordo com o gosto ou filosofia pessoal.
Mas é um jogo de carimbos. No final, as formas são praticamente as mesmas. Isso não quer dizer que as vidas são iguais, não precisa ser um grande observador pra sacar que não são. Mas lidamos com angustias, questões, equações muito parecidas. Dificilmente se é original, tanto no sofrer quanto no regozijo.
A prova disso são as dores de cotovelo. Qualquer um que tenha terminado um dia um namorico qualquer percebe-se fazer parte de uma grande galeria temática. As canções se encaixam, Jorge Drexler escreveu pensando em você - é óbvio; Alain de Botton escreveu seus Ensaios de Amor baseado na sua história - faz todo sentido; os poemas de Pablo Neruda tiveram seu coração despedaçado como fonte inspiradora.
São os mesmos carimbos, e servem pra representar "n" vidas. Todas igualmente originais.
*projeto CREO - geometric typeface stamping device, por Charissa Rais.
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