Caraminholando
Uma das coisas mais gostosas, pelo menos para mim, é acordar num daqueles dias que parecem ter sido inflados por mil ideias enquanto simplesmente eu flutuava entre o lençol da cama e a coberta. Despertar com a cabeça a mil, com o frio na barriga de saber que aquele dia é uma página em branco, um novo documento, uma nova postagem, algo novo em folha, pronto a ser colorido e preenchido com nossas melhores tintas.
Um sentimento muito parecido de quando eu era criança: era inconcebível chegar ao final de um dia sem ter inventado uma brincadeira, feito uma dobradura num papel colorido ou rabiscado um desenho novo.
Cresci e fui constatando que não acordo com a cabeça a mil todos os dias. E que tem dias que não faço nada que será um dos meus melhores desenhos nem escrevo minhas mais inspiradoras palavras. E tem dias que nada escrevo e que nada rabisco. Não quero dizer que esses são dias ruins. Aprendi a dizer para aquela inquietude infantil que preciso respeitar meu ritmo. Há dias que a alma só olha, observa, contempla. Há dias, daqueles burbulhantes, que a alma quer imprimir o que ela tem visto e guardado.
Temos ciclos. Horas de salvar os rascunhos para mais tarde. E horas de publicar.
*ilustração do coletivo francês LesJeanClode.
Um comentário:
consuma cápsulas de mari e terás momentos belos. recomendo!!
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