3 de fevereiro de 2005

Sonhos coletivos

Hoje, minha caminhada no calçadão da praia coincidiu com a passagem de um navio de cruzeiro turístico que acabara de deixar o porto para singrar pelas avenidas oceânicas do Atlântico.

Mesmo para quem mora há muito tempo na cidade costeira, esses prédios flutuantes sempre causam admiração. É curioso, as muretas à beira-mar ficam apinhadas de pessoas, os corredores do calçadão diminuem o passo, os carros param no acostamento, cabeças voltam-se, só para ver o navio passar.

Será que no inconsciente coletivo a felicidade reside num lugar aonde só se possa chegar de navio? A paz mora na outra margem? É um resquício inconsciente da figura mitológica do barqueiro que nos conduziria ao Paraíso? Estaria a estória de Tolkien dotada de profecia?

Só fico pensando que, qualquer que seja a explicação mais satisfatória, nos arquétipos ninguém se lembra do enjôo.

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