28 de dezembro de 2002

Sessão da tarde

Disposta a transformar o ócio de final de ano num ócio (um pouquinho mais) cultural, ontem arrastei minha mãe para o Cinearte e fomos assistir ao documentário Janela da Alma dos diretores João Jardim e Walter Carvalho.



Excetuando a presença de um animado grupo de quatro senhoras comendo balas (convenientemente, aquelas envoltas em papel celofane) durante a sessão (me pareceu que alguma delas era meio surda também), foi uma hora e pouco muito bem aproveitada.

"Janelas da Alma" é composto por depoimentos de 19 portadores de espécies variadas de deficiências visuais, desde miopia a cegueira total. Entre eles, Wim Wenders, José Saramago, João Ubaldo, Hermeto Paschoal, Oliver Sacks, Marieta Severo e outros escritores, poetas, fotógrafos e cineastas mais. Todos falam sobre as diferentes formas de olhar.

Se o olho é a janela da alma, a janela em si não vê nada. Quem observa, é o olho por detrás dela. E o que acontece quando as janelas não são tão límpidas e transparentes como deveriam ser? Eis o motivo pelo qual os entrevistados revelam a importância do olho da mente. Entre eles há um fotógrafo francês que é cego. A essência de seu trabalho é materializar as imagens que ele visualiza mentalmente.

O que assusta e encanta, é descobrir como deixamos de ser seletivos com o que vemos, e como hoje, mais do que nunca, a imagem é tão saturada, massificada, que perdeu grande parte do valor de ser atentamente observada.

27 de dezembro de 2002

30 minutos de cultura

A quem interessar possa, hoje (sexta, 27) a TV Senac
vai passar no horário Mundo da Arte, às 17:30 um programa sobre design, Singular e Plural - 50 anos de design.

Algumas horas assistindo tv Senac são mais proveitosas do que 4 horas de aula de História da Arte com uma professora mal-humorada... Neste caso, citar nomes torna-se totalmente desnecessário.
Coisas que são realmente desnecessárias (sem ordem definida)

-coluna social Persona do César Giobbi: quem são aquelas pessoas? E por que eu ia querer saber quem esteve na última festa do lançamento do perfume Fragance-do-não-sei-o-que na companhia de seja-lá-quem-for no Moinho Sto Antonio? Por quê?
-no meu mundo, os banners de propaganda são desnecessários. Nunca cliquei em nenhum na vida.
-papel higiênico colorido: até dá um toque decorativo no seu banheiro e tal... mas pense bem na finalidade...
-indicadores de seta nos automóveis: eu não sabia que eram desnecessários, até perceber que não vejo ninguém usando. Especialmente os carros a minha frente que resolvem estacionar.
-Video Show: aliás, qual programa da tv Globo é necessário? Só algumas moscas brancas...
-mesas redondas esportivas: por acaso algum comentário feito após o jogo aumenta as chances de mudar o placar? Já foi, já foi.
-questionários perfil do consumidor: aquelas cartas-respostas que já vem com a postagem paga, e perguntam tudo sobre a sua vida, desde quantas vezes você escova os dentes ao dia até o seu salário. Já enviou alguma de volta?
-receitas nas embalagens: eu nunca lembro que elas estão lá. E quando vemos, nunca fazemos.
-votar na enquete Casseta e Planeta: não adianta, só gravam na íntegra a alternativa C.

25 de dezembro de 2002

Lomografia: a anarquia fotográfica

Garimpei um pouco, mas achei. Queria rever uma matéria sobre a máquina fotográfica Lomo que havia sido publicada um tempo atrás na revista eletrônica Magazine.


Achei o aparelho curioso. A maquininha, quase do mesmo tamanho de um maço de cigarros, permite que as fotos sejam tiradas de dia ou de noite, sem flash, sem menores nem maiores preocupações. É só clicar! E, sem exceção, as fotos saem muito boas, até com um aspecto muito charmoso, pois a Lomo cria um halo negro na borda da imagem.



A Lomo surgiu na extinta União Soviética, quando um tal general Igor Petrowitsch Kornitzky, ordenou a um diretor de uma fábrica de de produtos mecânicos e óptícos de Leningrado (Leningradskoye Optiko Mechanichesckoye Obyedinenie), que produzisse em grande quantidade máquinas fotográficas pequenas e de fácil uso.

O segredo da Lomo é a sua sofisticada lente de 32 milímetros e 2.8 de abertura. Como possui grande fotosensibilidade, dispensa o flash mesmo em fotos noturnas.

Bem, isso é só uma sinopse mais que enxuta da matéria da revista, no site da Magazine a matéria está na íntegra, é só procurar nos arquivos.

Enquanto Papai Noel não traz uma máquina digital, eu ficaria feliz com uma Lomo. Deve ser uma pluma em comparação ao tijolo da Pentax...
A antropologia de Veríssimo

Não sei se acontece com frequência, mas percebi que há 2 domingos atrás saiu uma crônica repetida do Veríssimo no caderno de Cultura do Estadão (ó jovens mentes intelectuais e assíduos leitores da Folha de São Paulo que torcem o nariz só de ouvir "Estadão", lá não tem Lúcio Ribeiro, mas o suplemento cultural de domingo, na minha modesta opinião, dá de 10 na Ilustrada, abandonem os preconceitos).

A crônica era uma engraçada apologia às banalidades. Em tais tempos absurdos, nada mais invejável do que não estar nem aí.

Entre uma banalidade e outra, Veríssimo conta que um antropólogo descobriu que em algum período da história da existência humana, fomos dotados de um terceiro braço. É estranho, mas acho que ele tem mesmo razão, ainda mais citando provas irrefutáveis, como por exemplo, os chuveirinhos de mão, que exige habilidades contorcionistas para o uso, e os coquetéis, onde o sujeito tem de segurar a bebida, o canapé e ainda cumprimentar os convivas. Acho que ainda hoje seria um membro útil, como no caso do ônibus: com uma mão você pagaria o cobrador, a outra carregaria suas coisas e a outra se agarraria a alguma trave, evitando assim o incômodo de cair no colo de uma senhora gorda.

Caso você tenha mais idéias para o uso do nosso terceiro braço ancestral... (e não tiver mesmo mais nada pra fazer...) deixe seus achismos registrados.
É a correria do dia-a-dia...

Depois de descobrir que minha disciplina e paciência apenas me permitiam atualizar minha página (tradicional, feita com suor e cansaço no Front Page, mandando via ftp...) uma vez a cada ano, pensei que não seria uma idéia tão má aderir à blogosfera. Uma atualização a cada ano é apenas um pouco mais lento que o normal, não é?

Aliás, nem vou garantir que meu ingresso à blogosfera vai mesmo produzir resultados frutíferos ou sequer uma dose mínima de uma postagem semanal. Enfim... agradeço a boa vontade dos visitantes.

O nome do blog foi escolhido alhures, numa noite de Natal, depois que a parentada (no sentido carinhoso da palavra, obviamente) já tinha ido embora, e tudo o que me restou foi o peso do tender com farofa no estômago. Talvez um chá seria bom... enfim, não é de longe uma explicação razoável, mas creio que deve haver blogs com nomes muito mais esdrúxulos por aí. Não me envergonho.